Diretora da CNR e da ANOREG/BR, Maria Aparecida Bianchin, ressalta que aprimorar processos é investir em eficiência, credibilidade e atendimento à população
A palestra “Gestão de Qualidade para o Extrajudicial: Eficiência na Prestação dos Serviços”, ministrada por Maria Aparecida Bianchin, diretora da CNR e da ANOREG/BR, abriu o último dia do 96º Encontro Nacional dos Corregedores de Justiça (ENCOGE), realizado no final de outubro, no Rio de Janeiro. Em sua exposição, Maria Aparecida apresentou um panorama sobre a modernização, a gestão e os programas de excelência que vêm impulsionando a eficiência, a padronização e o fortalecimento institucional dos serviços extrajudiciais em todo o país.
A palestrante iniciou destacando a dimensão e a complexidade da atividade cartorária no Brasil. Segundo ela, os Cartórios são responsáveis por milhões de atos praticados anualmente em meio digital — 208 milhões deles de forma totalmente gratuita. “Gerenciar um Cartório é um desafio que exige não apenas conhecimento jurídico, mas também competências administrativas, de gestão de pessoas e conformidade com diversas normas trabalhistas e regulatórias”, ressaltou.
Maria Aparecida lembrou que os Cartórios são guardiões da história jurídica, cultural e social do país, e que cada livro, registro e ato reflete a evolução da sociedade brasileira ao longo das décadas. “Em nossos livros está a história das pessoas, das famílias e dos modos de viver de cada época”, observou.
Programas de Qualidade e Modernização
Desde 2004, a ANOREG/BR promove o Prêmio de Qualidade da ANOREG/BR (PQTA), criado para reconhecer e disseminar a cultura da eficiência e da excelência nos serviços notariais e registrais. O programa tem como base normas técnicas de gestão e certificações internacionais, como as ISOs 15906, 27001 e 9001.
A palestrante destacou também a importância da NBR 15906, norma brasileira de gestão de serviços notariais e registrais, implementada em 2001 e revisada em 2020 com ampla participação da sociedade. “Foi um processo de dois anos de trabalho técnico e colaborativo, essencial para adequar a norma aos novos tempos e às transformações tecnológicas do setor”, explicou.
Outro destaque foi o Programa Cartório TOP, criado há cinco anos com foco em Tecnologia, Operação e Performance. A iniciativa promove a capacitação de titulares e equipes, independentemente do porte ou localização do cartório, e oferece treinamentos baseados em princípios de gestão, planejamento estratégico e melhoria contínua.
Para garantir que todos possam participar, a ANOREG/BR mantém também o Programa Cartórios Solidários, que incentiva unidades mais estruturadas a apadrinhar Cartórios menores ou em regiões de difícil acesso. “É um modelo de cooperação que tem multiplicado resultados positivos em todo o país”, afirmou a diretora.
Indicadores e reconhecimento
O avanço da gestão de qualidade é comprovado pelos números. Em sua última edição, o PQTA registrou 296 Cartórios inscritos, representando todos os 26 estados e o Distrito Federal, com destaque para Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Paraná.
As auditorias são realizadas de forma independente por uma associação portuguesa de certificação reconhecida internacionalmente, garantindo a transparência e a credibilidade do processo. Os resultados são publicados anualmente no Anuário Internacional da Qualidade, que classifica os Cartórios de acordo com o desempenho em gestão e eficiência.
Pesquisas nacionais também reforçam a imagem positiva da atividade extrajudicial. Segundo levantamento do instituto Datafolha, citado pela palestrante, 76% dos usuários estão satisfeitos com os serviços prestados, e 82% consideram os Cartórios instituições sérias e de confiança.
Desafios e chamado ao apoio institucional
A palestrante também manifestou preocupação com as restrições impostas aos interinos, que em alguns estados têm sido impedidos de participar de associações ou programas de qualidade. “Isso representa um entrave ao desenvolvimento profissional e à melhoria dos serviços. Precisamos entender que investir em qualidade não é despesa — é investimento”, defendeu.
Maria Aparecida aproveitou o espaço para reforçar o comprometimento da ANOREG/BR com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), citando programas como o Selo de Acessibilidade, o Selo Cartório Mulher — que incentiva políticas de igualdade salarial e contratação por competência — e iniciativas voltadas ao bem-estar das equipes e à inclusão social. “Um Cartório que investe em qualidade aumenta sua rentabilidade, reduz sua rotatividade e melhora a satisfação do público. É um círculo virtuoso que beneficia toda a sociedade”, concluiu.
Fonte: ANOREG/BR
