Pesquisa realizada em cinco capitais brasileiras mostra que população teme mais burocracia, corrupção, insegurança e aumento de custos caso serviços sejam transferidos para órgãos públicos ou empresas privadas
Sete em cada dez brasileiros rejeitam que os serviços hoje prestados pelos Cartórios sejam transferidos para Prefeituras, órgãos públicos ou empresas privadas. É o que revela a nova pesquisa DataFolha 2025, segundo a qual 71% são contra a estatização e 70% rejeitam a prestação dos serviços por empresas – um resultado que indica temor da população de que a mudança traria mais burocracia, mais dificuldade, insegurança jurídica, corrupção e aumento de custos.
Realizado em cinco capitais brasileiras – São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Brasília e Belo Horizonte – com usuários que haviam acabado de utilizar os serviços dos Cartórios, o levantamento mostra uma resistência ampla a qualquer alteração no modelo atual, baseado na atuação de profissionais formados em Direito, concursados e fiscalizados pelo Poder Judiciário. Para os entrevistados, mudar o sistema colocaria em risco o acesso da população, especialmente em cidades pequenas onde o Cartório é, muitas vezes, o único ponto de atendimento para atos essenciais da vida civil.
Segundo o levantamento, a percepção negativa sobre a transferência dos serviços para órgãos públicos é clara: os entrevistados afirmam que a mudança traria mais burocracia, aumento de dificuldade, insegurança jurídica e corrupção, além de risco concreto de fechamento de Cartórios em cidades pequenas – o que prejudicaria o acesso à cidadania e à documentação básica pela população, especialmente nas regiões mais vulneráveis. Situação semelhante aparece na hipótese de substituição por empresas: a maioria acredita que empresas privadas trariam, sobretudo, aumento de custos.
A pesquisa também revela um ponto fundamental para o debate público: 72% dos brasileiros acreditam que o atendimento ao cidadão melhoraria se mais serviços fossem prestados pelos Cartórios, incluindo emissão de documentos de identidade, registro de empresas, requerimentos previdenciários e até passaportes. Na visão da população, a ampliação do modelo atual é o caminho para maior eficiência no atendimento ao cidadão.
“Atender o cidadão com eficiência, previsibilidade e segurança é o que explica esse resultado. O Cartório é percebido como um serviço que resolve, que funciona e que está disponível em todos os municípios, inclusive nas pequenas cidades, onde muitas vezes é o único ponto de acesso a serviços essenciais”, afirma Rogério Portugal Bacellar, presidente da Confederção Nacional de Notários e Registradores (CNR) e da Associação de Notários e Registradores do Brasil (ANOREG/BR). “Temos exemplos de diversos atos que hoje são feitos mais rapidamente e de forma mais barata em Cartórios, como inventários, divórcios, reconhecimentos de paternidade, mudanças de nome e de sexo”, completa.
Aumento da Confiança
A rejeição à substituição dos Cartórios ocorre simultaneamente ao crescimento consistente da confiança no serviço. A mesma pesquisa DataFolha mostra que os Cartórios seguem como a instituição mais confiável do Brasil, com nota média 8,2, muito acima da média das demais instituições, que ficou em 6,4. Além disso, 53% deram nota máxima (9 ou 10) à confiança nos serviços dos Cartórios – o maior índice já registrado pela série histórica iniciada em 2009.
Os dados reforçam a tendência de percepção positiva que acompanha o setor na última década, impulsionada por melhorias estruturais, digitalização, ampliação dos serviços online e maior eficiência no atendimento. Mais de 77% dos entrevistados afirmam perceber avanços na informatização, e 69% notam melhorias na oferta de serviços online, que já são conhecidos por 80% da população e utilizados por 60% daqueles que sabem de sua existência.
A íntegra da pesquisa DataFolha 2025 – Imagem dos Cartórios, incluindo gráficos e séries históricas, está disponível para consulta pública pela ANOREG/BR.
